Ensino híbrido e EAD: qual a diferença?

A educação a distância (EAD) tem sido uma importante aliada na formação profissional brasileira há muitos anos, democratizando o acesso ao conhecimento e permitindo que mais e mais pessoas possam se qualificar e se inserir no mundo do trabalho de maneira rápida e eficiente. No Brasil, esta modalidade de ensino tem sua primeira referência em 1904 através de uma publicação da primeira edição de classificados do Jornal do Brasil, onde um anúncio de uma empresa oferecia curso de datilógrafo por correspondência. Esta passagem tem sido apontada por historiadores da área como sendo um dos primeiros marcos da educação a distância no Brasil.

                  O próprio conceito de EAD tem evoluído ao longo dos anos, muito por conta da influência das tecnologias empregadas para a sua oferta. Uma definição bem aceita desta modalidade está definida no Decreto 5.622, de 19 de dezembro de 2005, que regulamentava a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. De acordo com esta legislação, a educação a distância é “a modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos”. Este conceito marca então os princípios da educação a distância moderna, estabelecendo que é a modalidade educacional realizada com a mediação de tecnologias, onde não há o contato presencial entre professor e aluno.

                  O ensino híbrido, ou blended learning, por sua vez, é uma das maiores tendências educacionais do século XXI e ele é basicamente uma mistura metodologicamente estruturada entre o ensino on-line e o presencial. A educação presencial tem diversas vantagens já bastante conhecidas, entre as quais, podemos citar a proximidade do relacionamento entre professor e aluno, a possibilidade de experimentação real, concreta e prática dos conceitos apresentados, as trocas e interações existentes com os estudantes entre si, e deles com o instrutor, entre tantos outros. Porém, sabemos que a vida moderna trouxe consigo diversas dificuldades comuns nas áreas de mobilidade urbana, segurança e na própria organização da vida cotidiana, fazendo com que as pessoas tenham cada vez mais dificuldade para alinhar suas agendas com as do curso que pretendem realizar. 

                  Desta forma, o ensino híbrido privilegia o melhor de cada um dos dois universos, promovendo o compartilhamento do conhecimento e a sua assimilação por meio das tecnologias de informação e comunicação, empregando conceitos da educação a distância e aliando-os aos momentos presenciais, de modo que no espaço on-line o aluno possa apropriar-se dos conceitos, definições e elementos teóricos necessários e, no momento presencial, possa aplica-los na prática, com a mediação do professor, fazendo com que a experiência presencial seja mais significativa e relevante.

                  Assim, diante das infinitas possibilidades trazidas pela educação, o ensino híbrido apresenta-se como uma grande oportunidade para aprimorar a experiência educacional do estudante, valorizando o contato presencial, porém reservando-o para a prática e a aplicação dos conceitos adquiridos de maneira on-line, respeitando, igualmente, a necessária flexibilidade para adaptar-se, em parte, à rotina cada vez menos linear do aluno.                  Aristóteles já estabelecia que somos seres sociais e necessitamos da interação, de modo que é possível acreditar que o ensino presencial certamente terá espaço na humanidade por longos anos. Porém o ensino híbrido procura reservar este espaço nobre para atividades significativas e relevantes, descortinando toda uma nova lógica educacional baseada em tecnologia, em experimentação prática e em metodologia pedagógica para o sucesso da estratégia proposta.        

Por: Junior Freitas e Fabiana Estrela